Luciana Sutti*


A cada ano que passa, temos cada vez mais objetivos para alcançar. Metas para cumprir. Desejos para realizar. E o dia continua com as mesmas 24 horas.
Por isso, produtividade é a palavra-chave para darmos conta de tudo que nos é exigido, tanto profissionalmente quanto pessoalmente.
Há à disposição inúmeras ferramentas de gerenciamento do tempo, de organização de agenda, de como separar o que urgente do que é importante. E, ao final do dia, ainda é comum termos a sensação de que não conseguimos dar conta de tudo o que havíamos planejado.
Por que isso acontece?
Porque o nosso nível de produtividade depende também de outro fator: da gestão da atenção. Ela é chave para o aumento de foco e gerenciamento do estresse. Ou seja, manter uma tarefa específica em mente a despeito das distrações.
Um estudo conduzido por pesquisadores de Harvard constatou que as pessoas gastam 46,9% do seu tempo pensando em algo diferente do que estão fazendo. Quanto mais atentas as pessoas estavam na atividade que faziam naquele momento, mais felizes elas relatavam se sentir.
Este é justamente o pulo do gato. A vida só acontece no agora. Mas a nossa mente flutua entre o passado e o futuro. Para ajudá-la a sair do modo automático e se concentrar no presente, é necessário treinar a atenção plena.
Como treinar permanecer no tão desejado agora? Uma das maneiras mais eficazes é focar a sua atenção na respiração. Esta é a base das técnicas de meditação, como, por exemplo, o mindfulness, ou prática de atenção plena.
À primeira vista, ficar sentado prestando atenção em sua respiração parece ineficaz. Afinal de contas, respiramos a vida toda. Por que perder tempo com algo que fazemos automaticamente?
Justamente por ser um mecanismo automático, controlado pelo sistema nervoso autônomo, a respiração está diretamente conectada às emoções. Em uma situação de estresse ou ansiedade, o corpo se prepara para lutar ou fugir, e a respiração se torna rápida e superficial.
Por outro lado, uma respiração lenta e profunda transmite ao corpo um estado de relaxamento e tranquilidade. Estado propício para que a atenção seja focada no que queremos.
Estudos recentes em neurociências demonstram que, ao trazer deliberadamente a consciência para a respiração, há maior conectividade entre o córtex pré-frontal (centro executivo do cérebro) e os circuitos para atenção focada.
Em outras palavras, aumenta a capacidade de aprendizado, de reflexão, de decisão, e de pensar a longo prazo.
A gestão da atenção relaciona-se com o desenvolvimento da metacognição, isto é, a capacidade de acompanhar a qualidade da própria consciência. Por exemplo, ter a condição de notar quando a mente divaga.
O objetivo de treinar a atenção plena é aumentar a capacidade de se concentrar no que está acontecendo no momento presente – sejam experiências, sensações ou emoções.
Estar presente no aqui e agora é a chave para uma maior e mais saudável produtividade.
*Luciana Sutti é sócia-executiva da Nortus, especialista em neurociências aplicadas à liderança e coaching. Atua no NeuroTrainingLab como observadora sênior. É coach executiva e de carreira pelo ICI, com formação internacional reconhecida pelo ICF. Estuda e pratica mindfulness desde 2004.

