No fim, tudo é comportamento

A guerra entre a tecnologia e o comportamento

Vivemos em um contexto profissional altamente tecnológico, cheio de conhecimentos, técnicas, ferramentas e sistemas virtuais sofisticados, mas, muitas vezes, nos deparamos com a velha tecnologia comportamental obsoleta.

Aparentemente, sabemos o que precisamos fazer, temos nossos motivos para fazer, mas não fazemos. Que desespero, né?

Comportamento significa a forma como nos portamos com algo, e isso significa que é a forma como damos respostas às situações do dia a dia.

Mas a forma como damos respostas às coisas, em mais de 90%, vem de um sistema automático da mente, que Daniel Kahneman (ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2002) nomeou de S1 – o sistema que responde de forma automatizada, ou seja, que tem as respostas prontas e nos faz simplesmente agir, sem pensar.

Então, o fato de sabermos o que fazer não é o suficiente para garantir que faremos.

O que pode estar acontecendo? Será que realmente sabemos o que precisamos fazer? Ou o que achamos que sabemos está ligado ao nosso sistema automático?

Se mais de 90% de nossas respostas vêm de um sistema automático, é bastante provável que até mesmo acharmos que sabemos o que fazer diante das situações é automático. Isso significa achamos que já entendemos o que estamos vivendo agora; que já conhecemos um novo contexto e que já sabemos o que precisamos fazer.

Na realidade, temos experiências e conhecimentos em nossas bagagens pessoais, que nos permitem fazer as coisas da forma como fazemos, e com a percepção de que faremos certo, pois já lidamos com muitas situações e muitas delas transcorreram de forma satisfatória. Mas, para termos a certeza que sempre os resultados serão satisfatórios, se fizermos como sempre fizemos, os contextos precisariam ser sempre os mesmos ou serem menos complexos, onde nossos aprendizados seriam mais que suficientes para atendê-los.

O texto de hoje é para alertar que jamais um contexto vivido será igual ao outro, e este é o mecanismo que nos permite evoluir, crescer e melhorar: o mecanismo natural da incerteza.

A nossa parte é aprender a conhecer os contextos antes de agirmos, utilizando os nossos conhecimentos anteriores, e deixando espaço para incluir e conhecer as variáveis e os elementos novos. Desta forma, usamos o nosso S2, que, segundo Kahneman, é a parte em nós que nos permite realmente analisar e identificar os melhores caminhos a seguir.

Sempre que nos comportamos de forma automática, temos resultados similares aos já vividos, e sempre que nos comportamos de forma consciente, temos resultados melhores.

E aí? Vamos analisar mais antes de agir?

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