5 fatos sobre mindfulness que você precisa conhecer

Luciana Sutti*

Em meus atendimentos, já ouvi muitos executivos me falarem: “Este negócio de mindfulness não é para mim”. “Não consigo meditar”. “Não consigo ficar parado, em posição de lótus com a mente vazia, sem pensamentos”. “Não tenho tempo”. “Afinal, o que é mindfulness?”

Se este é seu caso, gostaria de compartilhar contigo cinco informações sobre este tema.

1. Meditação não é uma posição

Pode ser que você tenha a seguinte imagem em sua mente: a pessoa senta-se no chão com a perna cruzada, coluna ereta, mãos apoiadas no joelho, com as palmas para cima, dedo polegar em contato com o indicador, olhos fechados, e pronto: “Estou meditando.”

Sentar em posição de lótus não significa necessariamente estar em meditação. Meditação não é uma posição; não é um processo mecânico. Pode-se meditar ao caminhar, dirigir, ou limpar a casa.

Todos os métodos de meditação, na sua origem, são práticas de fortalecimento da atenção.

2. Meditação é uma capacidade humana inata que somente precisa ser treinada

Todos os seres humanos têm a capacidade de direcionar a sua atenção ao ponto de seu interesse. É só reparar em casais apaixonados para confirmar esta afirmação.

Sabemos que a criança, ao aprender a andar, vai cair, tropeçar, até conseguir andar sem apoio.

Se uma pessoa sedentária quer correr uma maratona, não temos a expectativa de que já consiga correr os 42 quilômetros no momento em que tomou esta decisão. Sabemos que ela vai precisar treinar bastante e começar aos poucos. Com a meditação, é a mesma coisa.

Interessante notar que, para aspectos mentais, não consideramos a existência desta curva de aprendizagem. Isso é natural, pois fomos ensinados a comandar o corpo físico. Quem nos ensinou a comandar a mente?

Por exemplo, só por conhecermos a técnica de mindfulness, temos a expectativa de conseguir praticá-la com perfeição.

Conseguir se manter em atenção plena não é uma chave que gira. É um estado a ser conquistado.

3. Meditar e medicar têm a mesma origem etimológica

A palavra meditar e medicar têm a mesma raiz etimológica protoindo-europeia: med – saber o melhor caminho.

Sua derivação para o latim resultou em:

Meditari – Pensar sobre algo, levar em consideração.

Mederi – Tratar, curar.

Na língua indiana páli, não há palavra que corresponda à meditação. Uma palavra frequentemente usada é bhavana, que significa “desenvolvimento por meio de treinamento mental”. Ou seja, é necessário treinar para conseguir meditar.

4. Afinal, o que é meditação?

Meditação é uma palavra que engloba uma grande variedade de práticas contemplativas, assim como a palavra esporte se refere a uma ampla gama de atividades atléticas.

Independente do método, a meditação envolve o desenvolvimento da atenção. Ou seja, selecionar um alvo para foco e ignorar as distrações. O que muda em cada método é o objeto de sua atenção.

Estudos realizados pelo Instituto Max Planck de Cognição Humana e Neurociências em Leipzig, na Alemanha, mostraram que cada variedade de meditação tem o seu próprio perfil neural:

Focar a respiração – É calmante; pode ser considerado um método de relaxamento.

Monitorar pensamentos – Não traz relaxamento, pois exige esforço mental consciente para voltar a monitorar os pensamentos após ter sido arrastado por eles.

Meditação compassiva / Bondade amorosa – Cria estado positivo, mas não relaxamento.

5. E mindfulness, o que é?

Mindfulness se tornou a tradução inglesa mais comum para a palavra indiana sati. Porém, estudiosos traduzem sati de muitas outras maneiras: awareness (percepção, consciência), attention (atenção), retention (retenção) e até discernment (discernimento).

Em português, mindfulness é traduzido como atenção plena.

Atenção envolve várias capacidades:

Capacidade de focar um único elemento;

Capacidade de manter um nível constante de atenção no decorrer do tempo;

Capacidade de notar mudanças pequenas ou rápidas no que vivenciamos;

Capacidade de manter uma meta ou tarefa específica em mente a despeito das distrações;

Capacidade de acompanhar a qualidade da própria consciência (metacognição).

Deste modo, podemos afirmar que mindfulness está diretamente relacionado à gestão da atenção.

A gestão da atenção é a capacidade mais importante a ser desenvolvida para uma vida produtiva e saudável.

Esta é a razão pela qual a prática de mindfulness, ou atenção plena, está em alta no mundo corporativo.

*Luciana Sutti é sócia-executiva da Nortus, especialista em neurociências aplicadas à liderança e
coaching. Atua no NeuroTrainingLab como observadora sênior.
É coach executiva e de carreira pelo ICI, com formação internacional reconhecida pelo ICF.
Estuda e pratica mindfulness desde 2004.

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