De onde vêm as decisões equivocadas na gestão?

De onde vêm as decisões equivocadas na gestão?

De onde vêm as decisões equivocadas na gestão?

Esta teoria explica por que nós muitas vezes adotamos comportamentos aparentemente irracionais e inconscientes. Kahneman explica que temos dois sistemas para processar informações e solucionar problemas:

  • Sistema 1, que é o do pensamento rápido, funciona de maneira automática e involuntária. Por ser inconsciente, não se desliga.
  • Sistema 2, que é o do pensamento devagar, sendo acionado diante da necessidade de raciocinar, calcular, analisar e resolver problemas. Ele confirma ou corrige os julgamentos automáticos do Sistema 1. É mais assertivo, porém demanda mais tempo, esforço e concentração.

Você já deve ter ouvido em algum momento de sua vida que a sua linha de raciocínio estava enviesada, ou mesmo percebido que alguém fez afirmações ou perguntas enviesadas para você. O viés é, por definição, um peso desproporcional a favor ou contra uma coisa comparado a outra, feito a partir de um julgamento. Por isso, geralmente é percebido em situações de conflitos, em que as partes possuem tendências prévias para determinadas posições.

Relaciono abaixo alguns dos principais e mais comuns vieses – sendo que existem mais de uma centena já identificados com os quais é possível se deparar no mundo corporativo e no universo pessoal – que devemos considerar como um sinal de alerta, sempre:

Excesso de confiança

Considerado pelos especialistas como a mãe de todos os vieses por estar presente parcialmente em vários outros. Essa tendência surge da necessidade de nos sentirmos mais confortáveis com a incerteza ou falta de controle. Pode ser dividido em três categorias:

  • Excesso de precisão (previsões);
  • Superestimativa (sobre tarefas, controles, desempenho);
  • Superposicionamento (melhores que a média).

Imagine você que é solicitado a dar uma previsão de prazo para uma determinada tarefa da sua equipe. Por achar que tem uma liderança acima da média e que sabe exatamente como estão as tarefas de cada um, você estima um prazo bem otimista de conclusão. Você estará garantindo que o solicitante fique tranquilo e terá uma boa imagem a seu respeito. Porém, muito provavelmente esta tarefa não será entregue no prazo.

Conscientização limitada

É o processo de filtragem das informações em que decidimos quais são úteis ou não – é o framing, ou a cegueira seletiva.

Um exemplo desse viés na prática ocorre quando recebemos um relatório amplo e completo, mas decidimos focar somente em uma parte dos dados por confirmar o que acreditamos (outro viés), descartando as demais informações.

Regressão à média

Ignorar que eventos extremos tendem a regredir à média em tentativas subsequentes.

Imagine uma situação em que uma equipe se destaca no volume de vendas em um determinado mês devido a uma quantidade atípica de serviços contratados pelo principal cliente. O diretor decide conceder um bônus aos colaboradores pelo altíssimo desempenho alcançado.

Porém, nos meses seguintes o desempenho da equipe volta a ser mediano. Sem perceber que tomou a decisão de premiar de maneira afoita (viés do excesso de confiança), faz a seguinte conclusão julgadora: “Não se deve premiar, pois o time sente que já conquistou tudo e relaxa suas metas” (heurística da hipótese positiva). Na realidade, tanto a decisão de premiar quanto a conclusão a qual o diretor chegou foram enviesadas, pois os resultados, em condições normais, sempre tendem a regredir à média.

Armadilha da confirmação

Tendência de procurarmos informações que confirmem o que achamos que é verdadeiro, deixando de procurar evidências contrárias.

Em decisões de compras, normalmente decidimos de maneira inconsciente; só depois é que buscamos dados e razões para justificar o porquê da escolha que fizemos. Um exemplo: a justificação de que o que foi comprado estava na promoção.

Escalada do comprometimento

Tendência de mantermos uma escolha mesmo quando percebemos poucos sinais de que é a melhor.

Em diversas situações práticas, como a seleção de um colaborador, aumentamos a aposta mesmo sabendo que foi uma escolha equivocada e a pessoa não irá performar bem naquela função. E o ciclo se confirma; quanto mais investimos, mais temos dificuldade em reconhecer que já deveríamos ter revisto a decisão. Temos a tendência de querer fazer dar certo.

É sempre bom examinar se suas decisões ou interações no dia a dia estão pautadas em vieses ou em dados e fatos que possibilitem uma escolha mais assertiva.

Um gestor contemporâneo está preparado para identificar quando os vieses estão em operação e buscar sempre o pensamento estratégico, treinando o cérebro a incluir o Sistema 2 de maneira analítica.

De tanto praticar, desenvolvemos a capacidade e somos cada vez mais ágeis, inclusivos e assertivos. Este é o grande diferencial no mundo atual, e também o que propomos desenvolver ao longo da Formação em Gestão Contemporânea.

Valdeci Maciel é sócio-executivo da Nortus, com mais de 20 anos de experiência em gestão e direção comercial. Consultor de desenvolvimento interno, atua nas linhas de Desenvolvimento Organizacional e de Conexões de Negócios. Instrutor da FGC – Formação em Gestão Contemporânea dos módulos Pensamento Estratégico e Melhoria de Resultados.

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