Dinâmica em Espiral Integral: uma abordagem para mudanças de alta complexidade

A Dinâmica em Espiral Integral é reconhecida internacionalmente como ferramenta muito eficaz para apoiar tanto indivíduos quanto coletivos e organizações em processos de mudanças, assim como realizar a gestão de conflitos.

Ao aprofundar-se neste estudo, a Nortus passou a aplicar esse conhecimento em seus cursos, capacitações e formações, integrando-o à sua Tecnologia Comportamental Metassistêmica. Atualmente, nossos estudos e práticas relacionadas à Dinâmica em Espiral Integral têm sido acompanhados pelo instrutor internacional Darrell Gooden. Darrell começou a trabalhar com a Dinâmica em Espiral há 23 anos, após conhecer o Dr. Don Beck na conferência da World’s Future Society em 1997.

A partir deste encontro, teve a oportunidade de conhecer um grande número de especialistas em ciências de gestão ao redor do mundo, assim como especialistas em mudança geopolítica.

 

Esteve com Dr. Beck nas Nações Unidas e ensinou e colaborou com ele na universidade Adizes Graduate School, onde realizou o seu Ph.D em estudos transformacionais, tendo o Dr. Beck como orientador principal.

 

Quando se trata da Dinâmica em Espiral Integral, Darrel Gooden afirma que essa é uma metodologia útil por ser capaz de ajudar a trazer clareza aos complexos problemas da sociedade em uma escala global ou no nível de um país, como foi o caso do trabalho de Dr. Beck com o pós-apartheid na África do Sul.

Em uma conferência realizada exclusivamente para a Nortus, Gooden compartilhou alguns insights sobre a aplicabilidade da Dinâmica em Espiral Integral. Confira:

Problemas complexos exigem soluções com alto grau de complexidade

Essencialmente, a Dinâmica em Espiral é uma abordagem integral disponível para aqueles agentes de mudança que estão na empreitada de realizar coisas realmente difíceis. Dada a natureza globalmente impactante destas crises, são necessários os tipos de soluções que a Dinâmica em Espiral Integral tem a oferecer. Uma das abordagens que eu pessoalmente adotei ao realizar esse tipo de trabalho é a presunção da minha própria ignorância. Em uma fase de descoberta legítima, os seus preconceitos cognitivos tornam-se inúteis, ou pelo menos a sua consciência deles. Quando conheci o Dr. Beck pela primeira vez, senti que éramos pessoas muito diferentes. Temos até inclinações políticas diferentes. Mas a sua autenticidade e a sua incrível oratória ajudaram a iluminar certas coisas para mim a partir de uma perspectiva diferente. Quando as pessoas falam sobre questões muito difíceis, por exemplo, como raça, ou quando há dois pontos de vista diferentes sobre como lidar com uma pandemia, quer dizer, quando se trata dos muitos pontos de vista diferentes existentes no espectro da experiência humana, o que eu diria é que ninguém é o dono da verdade. E a capacidade de validar autenticamente o ponto de vista do outro como tão legítimo quanto o meu, embora estejamos partindo de pontos completamente diferentes, é a iluminação que recebi praticando a Dinâmica em Espiral Integral e entendendo-a suficientemente.

Ao ser exposto a algo como a Dinâmica em Espiral, talvez você coce a cabeça e pense: “Meu Deus, eu sei que tem algo aqui, mas é muito denso e complexo, e de que adianta essa teoria se é tão densa e complexa?” Bom, quando se tem problemas intratáveis ​​e complexos, é preciso uma estrutura e um conjunto de soluções tão complexos quanto o problema que se está analisando. Dito isso, como tornar mais fácil para as pessoas entenderem exatamente o quanto a Dinâmica em Espiral consegue e deve ser prática?

Temos uma riqueza de conhecimentos com a capacidade de resolver os males do mundo e as desordens sociais. A Dinâmica em Espiral Integral pode pegar tanto o indivíduo quanto a família e, falando a partir de uma perspectiva de valores, guiá-los a um entendimento sobre aquilo que é realmente importante. Veja, por exemplo, a história do Dr. Beck e seu trabalho com Nelson Mandela na África do Sul.

“A África do Sul era um microcosmo do que havia de errado, em muitos casos, com o mundo.”

Após anos de pesquisa que se iniciaram com o Dr. Clare W. Graves, o Dr. Beck procurava aplicar a Dinâmica em Espiral Integral. É uma teoria sólida e densa, e, pensou ele, deve ser aplicável em algum lugar. Na época, a África do Sul e os movimentos anti-apartheid estavam ganhando força. Nos anos 80, o Dr. Beck percebeu que a África do Sul era um microcosmo do que havia de errado, em muitos casos, com o mundo. Racismo sistêmico sério, políticas governamentais com o objetivo de marginalizar; havia horrores indescritíveis acontecendo lá. O Dr. Beck voou para a África do Sul e acabou se envolvendo com Nelson Mandela e Frederik Willem de Clerk, e foi encarregado de ajudá-los a criar uma nova Constituição. Ele decidiu aplicar a abordagem da Dinâmica em Espiral ao intratável problema do apartheid.

O cerne do problema era a imposição à sociedade de uma única língua, o Afrikaner, quando havia, na verdade, 11 línguas diferentes na realidade sul-africana. Por causa das políticas da África do Sul, a maioria das pessoas, que não eram africânderes, foram marginalizadas pela sociedade. E Don [Beck] tinha a maneira e os meios para reestruturar a conversa. Sua habilidade de se comunicar e, assim, fazer com que estas conversas desafiadoras passassem a ser mais sobre valores do que sobre a cor da pele abriu espaço para que pessoas de mentalidades muito diferentes começassem a ter um diálogo. O que o Dr. Beck percebeu foi que poderia haver um representante negro do Congresso Nacional com os mesmos valores de um Afrikaner branco sul-africano. Havia tonalidades diferentes em ambos os lados, e a cor de suas peles contava apenas parte da história.

Nos Estados Unidos, Don Beck havia atuado como psicólogo do Dallas Cowboys e do New Orleans Saints, então estava muito envolvido com a psicologia do esporte. Enquanto estava na África do Sul, teve a oportunidade de se tornar o psicólogo do time do Springboks – e há um filme sobre essa história chamado Invictus. O Dr. Beck projetou algo chamado Six Games to Glory [Seis Jogos para a Glória, em tradução literal] para ajudar o Springboks a vencer a série mundial de rúgbi. Agora, veja bem: quando o Springboks jogava na África do Sul, todos os sul-africanos brancos torciam por eles – mas as massas de sul-africanos negros iam ao jogo e torciam pelo time rival.

Quando Nelson Mandela se tornou presidente, ele estava sendo pressionado pelo Congresso Nacional Africano para desmantelar e se livrar dos Springboks. E, por causa de sua capacidade de influenciar, por ter feito parte dessa evolução e, ao mesmo tempo, ser o psicólogo do Springboks, a maneira como o Dr. Beck orientou Nelson Mandela foi: “Este é o momento em que você pode unir o povo.” Aqui, temos um agente de mudança trabalhando nos bastidores.

Mandela precisou lutar contra o seu próprio eleitorado para convencê-los a não desmantelar o Springboks – o que ele fez, então, foi vestir o boné e a camiseta do Springboks, andar até o centro do estádio, onde normalmente os cidadãos negros estariam torcendo para a equipe oposta, e acenar com o seu boné.

Imagem: Media24/Gallo Images/Geffy Image

Naquele instante, ocorreu a transformação: todo o trabalho que ele havia feito até aquele momento para que as pessoas estivessem abertas para a possibilidade de algo diferente culminou em uma mudança de toda a sociedade. Todos começaram a torcer pelo Springboks, e eles se tornaram a nova África do Sul. O herói anônimo deste processo é o Dr. Beck. Embora nenhum personagem o tenha interpretado no filme, ele nos contava essa história 15 anos atrás – dez anos antes do filme estrear.

Naturalmente, haverá conflito quando há tanto desequilíbrio social. Ao reestruturarmos a conversa em torno de valores, podemos falar com pessoas com as quais discordamos completamente de uma forma que abra caminho para um conflito construtivo. E o resultado desse trabalho foi, de fato, uma Constituição totalmente nova. 20 anos depois de criarem a nova Constituição, os sul-africanos convidaram o Dr. Beck para ajudá-los a comemorar o seu 20º aniversário. Visitei o local onde o Congresso se reúne – é como o nosso Capitólio americano, embora não na mesma escala que os Estados Unidos – e tinha um quê de tradicional. O Capitólio sul-africano homenageia as 11 tribos, dentre as quais os africânderes se tornaram uma tribo em meio a muitas, e não uma parte excepcional da sociedade.


Trecho de jornal norteamericano anunciando a premiação de Dr. Don Beck pela
Legislatura Estadual do Texas por seu papel atuante no fim do regime do apartheid

A importância deste trabalho foi que o Dr. Beck usou a Dinâmica em Espiral para ajudá-los a fazer a transição do apartheid para uma sociedade democrática livre sem que fosse necessário ter uma guerra civil ou uma guerra racial. A África do Sul teria passado por algo em uma escala muito mais massiva se não fosse a intervenção da Dinâmica em Espiral – como uma metodologia muito complexa, mas capaz de lidar com os problemas traiçoeiros e as desordens sociais causados ​​pelo apartheid e suas políticas. O que informa a minha experiência com a Dinâmica em Espiral é certamente o trabalho e importância de um homem de calibre como o Dr. Beck, com quem trabalhei e trabalho com grande proximidade. Agora, fui encarregado por ele de levar a Dinâmica em Espiral para o futuro.

Na próxima semana, compartilharemos mais um artigo com insights de Darrell Gooden sobre o futuro da Dinâmica em Espiral Integral.

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A Nortus tem difundido este conhecimento por meio de cursos com o Ph.D Darrell Gooden, o sucessor de Don Beck nos estudos sobre a Dinâmica em Espiral Integral.

Confira o próximo evento!

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