Como uma empresa aprende? Essa é uma reflexão importante. De forma bem objetiva, uma empresa aprende por meio da capacidade de aprender das suas pessoas, e a capacidade de aprender delas será posta em ação ou não se a cultura e a estrutura da empresa estão organizadas para isto.
O sistema biopsicossocial do ser humano já está estruturado para se desenvolver continuamente. Isto parece ser uma premissa de autopreservação das espécies animais. Ou seja, a condição de aprender continuamente está implícita em nós. Então, o que mais precisamos incluir na equação?
Para que uma cultura de aprendizado contínuo seja vivida dentro das empresas, inicialmente, é necessário:
- Conseguir criar interações que permitam às pessoas transformarem informação em conhecimento;
- Que, por sua vez, se transformará em capacidade;
- Em seguida, se torna uma competência, gerando uma nova forma de fazer alguma coisa;
- Para então, novos resultados acontecerem.
Parece simples, não é mesmo? É simples quando colocado desta forma, e é complexo quando ampliamos e aprofundamos a visão sobre o que isto significa.
Interação e comunicação
Seres humanos reagem, primeiro, às expressões e microexpressões faciais, à postura do corpo, ao tom de voz, antes de processar cognitiva e conscientemente as informações que estão captando no ambiente e nas outras pessoas.
O que isto significa? Que um ser humano é capaz de identificar se a interação na qual ele está lhe convida a colaborar ou a se proteger, sem que todas as palavras tenham sido ditas.
O sistema humano mais primitivo consegue identificar traços externos e informar à sua fisiologia se é preciso se mobilizar para paralisar, fugir, atacar ou colaborar. Somente quando houver um estado fisiológico, com uma combinação adequada de estresse, é que o sistema humano considerará um determinado contexto como um estímulo para gerar novos aprendizados. Se houver excesso de estresse e emoções ligadas ao medo, a área mais primitiva entrará em ação e a tendência é repetir comportamentos, logo, resultados.
Como as empresas aprendem?
Vamos refletir mais. Consideradas as devidas exceções, como estão as culturas empresariais que vivemos atualmente? As pessoas são estimuladas de que forma?
A inferência que existe quando dizemos que uma empresa aprende, ocorre quando não consideramos como os seres humanos realmente aprendem. Se não consideramos, não criamos as condições para que o aprendizado aconteça e se não fazemos isso, estamos inferindo que a aprendizagem está acontecendo.
Se utilizarmos técnicas de “adestramento”, estaremos fortalecendo o ser humano que não pensa e que só repete pensamentos e comportamentos. Paradoxalmente, queremos que estas pessoas nos entreguem melhores resultados em cenários diferentes. Precisamos refletir bastante sobre isso.
É preciso considerar o profissional que atua em sua empresa também como ser humano. Um profissional é um ser humano que possui necessidades biopsicossociais. Aqui, extrapolamos um pouco o sentido de considerar somente o nível pessoal do colaborador, e o convite se estende para compreendermos um pouco mais o ser humano como ele é.
Quando digo considerar, refiro-me a compreender mais sobre como funcionamos como seres humanos. Sempre estamos um pouco preparados, ou bastante preparados, para o que está acontecendo agora, e nunca estamos totalmente preparados para o que virá a acontecer, pois o que virá será novo, e novas entregas precisarão ser feitas. Para isto, precisamos de seres humanos que pensam.
Desenvolvimento profissional e pessoal
A complexidade é um ingrediente natural e saudável no processo de desenvolvimento da humanidade. Novos recursos precisarão continuar sendo produzidos pelos profissionais da nossa empresa; novos recursos humanos precisarão ser entregues.
Compreender isso e compreender como o ser humano realmente funciona faz com que possamos traçar planos de desenvolvimento capazes de se moldarem às várias necessidades e dificuldades de capacitação individual e coletiva que existam. E é um alto nível de respeito ao profissional poder considerá-lo da forma mais integral possível, para que se melhore ao mesmo tempo em que entregue o seu melhor para a organização na qual atua.